Como sabotar a autossabotagem

A autossabotagem não é uma bruxa má que habita seu inconsciente e tenta destruir suas melhores realizações. Ela é uma tentativa da sua mente de manter o status quo e garantir que nenhuma grande mudança ocorra e abale a manutenção do equilíbrio aparente da sua vida.

Ainda que o resultado final seja uma estranha sensação de que está tudo errado, o objetivo da autossabotagem é garantir seu bem-estar.

A base da autossabotagem é uma mentalidade primitiva e infantil que nos habita e ainda anseia por viver sem grandes responsabilidades ou obrigações. É aquela parte da mente que quer comer enlouquecidamente, não tomar banho, viver brincando com os amiguinhos e se sentindo o super-homem, sem esforço ou interrupções.

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“Vem, pode confiar em mim, eu vou proteger você”

Sabe aquele cara que se acha um baita jogador de futebol, mas que nunca levou o esporte a sério por sempre estar com o pé machucado? Pois é, colocar a mão na massa efetivamente seria uma forma muito dolorosa de perceber que talvez fosse um jogador mediano. Mas como sua desculpa sempre foi o pé ruim, pode passar uma vida inteira aficcionado por futebol e afirmando para si mesmo que poderia estar lá entre os grandes dos gramados.

Ou seja, a autossabotagem é um mecanismo de proteção da sua identidade.

O mais importante é não confrontar a realidade e se manter no sonho potencialmente bom, ainda que nunca comprovado.

Os subterfúgios racionalizadores para não assumir seu receio de insuficiência são variados:

“Não é que fui mal na prova, mas escolhi um dia ruim, acabei dormindo mal na noite anterior”;

“Nunca deixei meu trabalho em segundo plano e sei que os homens são limitados mesmo, estou feliz por nenhum interesseiro ter se aproximado de mim e por isso fiquei solteira (mesmo querendo ter um relacionamento)”;

“Acabei não passando na entrevista de emprego porque me atrasei, o trânsito dessa cidade é terrível”;

“Ela que está perdendo por ter me deixado”;

“O que tem que ser será, o que eu poderia ter feito para passar no concurso?”;

“As pessoas que são idiotas, eu não preciso da aprovação de ninguém!”

Todas essas pessoas já tinham uma desculpa socialmente aceita para se justificar. Caso tivessem sucesso comemorariam, mesmo sabendo que não deram tudo de si. E diante de um eventual fracasso, podem atenuar sua culpa.

Atualmente, eu tenho um prazo para entregar um livro para uma editora e sei que há um sabotador que me faz entrar de cabeça em qualquer coisa, menos na entrega do texto, por isso tenho me antecipado ao trabalho sujo dele.

Pensando nisso, elenquei algumas das principais estratégias de autossabotagem que usamos e falo um pouco sobre como enganar esse sabotador interno.

O zapeador mental

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Já reparou que na hora de estudar para a prova todas as coisas mais legais do mundo estão acontecendo?

Seu amigo chama para uma festa, o episódio da sua série favorita começa, uma garota puxa um papo no Facebook e salta no seu feed de notícias um vídeo engraçado que leva a outro.

Nada disso facilitará um bom desempenho que, no longo prazo, promoverá sua inserção no mercado de trabalho. Sua mente não vê seus objetivos dessa forma.

Sabendo que sua cabeça tentará mudar de canal psicológico e desviar do foco, engane sua percepção, distraia sua distração. Finja que aperta o botão do random e sempre pare no mesmo canal.

Eu faço da seguinte maneira: a tela em branco está diante de mim, ligo o método Pomodoro para fingir que estou levando a sério o texto. Sei que terei 25 minutos de escrita e 5 descanso, mas sei que vou me distrair em 10 minutos no máximo.

O que eu faço? Em nove minutos eu me forço a sair do texto e zapear sem propósito, mas fica chato, o legal seria zapear na surdina enquanto estou me levando à sério. Logo, volto ao texto e faço mais dez minutos e assim eu engano o método Pomodoro, mas também engano o meu lado espertinho que quer dar uma de malandro e subversivo. Resultado? Tarefa concluída.

Detalhe: escrevi esse texto fazendo isso.

O gorila guloso

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Exatamente por se comprometer a fazer uma dieta, malhar ou meditar, sua megalomania não se submeterá aos olhares constrangedores dos bombados que puxam ferro de 50 kg com facilidade.

No Fantástico Mundo de Bobby que criamos, o emagrecimento e a saúde vem com o poder da mente, bastando desejar.

Esse gorila guloso que sabota qualquer meta pensa de forma binária: é tudo ou nada. Se não emagreceu numa manhã com 20 abdominais e supino, nada feito, vergonha pura, desista!

Já que o gorila guloso não aceita nenhuma derrota e quer sair ganhando de cara, é interessante premiá-lo com pequenas recompensas. Nada que o impressione demais, o objetivo é enganar seu sistema mental de recompensas imediatas de curto prazo.

Se você fez uma parte da tarefa, vá beber água ou assista um pouco de TV. Nada demorado, só um estímulo breve para manipular seu sistema preguiçoso que quer ficar fazendo nada. Quando chegar da academia, premie-se com um pequeno chocolate.

Se realmente fracassou irremediavelmente nas suas tarefas, invente outra micro-meta e recomece no dia seguinte, com todo o cinismo do mundo, como se nada tivesse acontecido.

Síndrome de Startup

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Somos ótimos para começar projetos incríveis, afinal, existe uma máquina de ideias geniais e rentáveis em cada espaço no nosso cérebro. Essa fixação por grandes iniciativas se torna uma grande dificuldade em concluir tarefas, principalmente aquelas de execução a longo prazo.

O problema dessas iniciativas incríveis é que no final nunca haverá uma plataforma razoável para dar o próximo grande passo. O sujeito tem mil projetos, textos, ideias iniciadas, mas nenhuma em andamento.

Esse Mark Zuckerberg interno precisa de foco e resiliência para agarrar uma tarefa no chifre e executá-la até o fim. Quando surge uma dificuldade ou ninguém aplaude sua grande ideia, a ânsia por novidade se apodera de você. O que fazer? Por hábito, você começaria um projeto novo só para não perder o pique e achar que é muito esperto e importante.

Engane sua mente, finja que o novo projeto é o mesmo remodelado e coloque mais uma peça na engrenagem. Ainda que dê um novo formato a ele, será só parte da sequência da tarefa anterior.

O anti-Hércules

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Se a tarefa parece gigantesca e o gorila guloso só aceita mega-projetos, sua mente achará que pequenas tarefas não são dignas de você. O anti-Hércules não aceitará nada menos que o Olimpo ou uma grande realização.

Nessa hora você precisa dar voz ao Hércules (meio homem e meio deus) e se engajar em tarefas “humilhantemente” menores. Sim, divida tudo em pequenas frações e as trate como se fossem independentes.

No meu caso, criei o sumário do futuro livro em capítulos e passei a me dedicar a eles em etapas. Toda vez que eu pensava no livro inteiro, sentia um cansaço antecipado enorme, afinal, meu anti-Hércules queria que eu fosse um escritor compulsivo que conclui sua grande obra numa tacada só.

De grão em grão a galinha enche o papo. O ditado é velho, mas é realista, afinal a realidade não é como a história de “João e o pé de feijão” e se esperar que um ato mágico conclua suas tarefas, nada será realizado.

Por mais chato que pareça, ninguém pode viver a vida no seu lugar.

O lobo solitário

Estar sozinho é uma das maneiras prediletas de se enganar e fraquejar. Infelizmente, somos movidos por prazos externos, “chicotadas” do chefe e culpas por mau desempenho. Sabendo disso, preferimos fazer as coisas sem avisar ninguém, pois caso tudo dê errado ninguém vai pentelhar ou cobrar.

Seja o “amigo da garotada”, espalhe sua tarefa por aí e deixe que as pessoas se metam na sua vida. Sim, sua mãe vai te aborrecer, seus amigos vão importunar, você terá ódio de ter autorizado essa invasão coletiva, mas essa é a melhor maneira de colocar sua mente para operar em rede.

Certa vez um amigo me pediu para avisar publicamente toda vez que ele tentasse agir como um espertinho arrogante. Por incrível que pareça, funcionou. Seu medo de ser exposto em público era maior do que a vontade de parecer um sabichão.

Ao contar para os demais sobre suas metas, você sentirá vergonha do seu fracasso e, se sua mente operar com isso, já está valendo.

O rebelde sem causa

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O sabotador interno é aquela porção rebelde da mente que tenta sair da asa dos pais, mas quer continuar vivendo de mesada. O famoso rebelde sem causa.

Toda vez que uma obrigação é colocada na sua frente, o menino birrento vai dar as costas, e fazer cara de durão capaz de fazer as coisas por si.

A procrastinação de quem se acha espertinho pode atrasar sua tarefa simplesmente por achar que é inaceitável executar uma demanda vinda de outra pessoa.

Deixe o rebelde sem causa procrastinar por uma ou duas horas, massageie o ego dele, diga que ele é capaz de fazer melhor do que qualquer um e vá lentamente se enganando até que aquela ideia pareça sua.

Como ele é um cara malandro, deixe que execute a tarefa associando a algo bem legal, seja comendo algo saboroso, ouvindo uma música incrível ou trabalhando num café qualquer.

O mais importante é você fazer o sabotador rebelde não acreditar que aquilo é responsabilidade e trabalho.

* * *

Já que operamos por mecanismos bem pobres e primitivos, é fundamental não imaginar que teremos um resultado de alta performance. Os caras que são muito produtivos vão achar essas estratégias tolas. Afinal, não precisam administrar o sabotador nesse nível básico.

Por isso, os livros de autoajuda costumam não funcionar: eles partem do pressuposto que o leitor, que muitas vezes precisa de soluções bastante primárias, está em condições de mudar seus condicionamentos de maneira brusca.

A pessoa que precisa gerenciar sua produtividade está emocionalmente chafurdando na lama.

Essa é a hora de usar o pior que ela tem a seu favor. Portanto, espero ter ajudado você a colocar sua preguiça, orgulho e vaidade para movimentar algo em sua vida.

Antes de encerrar, uma última dica. Finja que já sabia tudo o que leu nesse texto, só para achar que a ideia é sua. Isso vai inibir o rebelde sem causa e motivar você a colocar a mão na massa.

Frederico Mattos

Sonhador nato, psicólogo provocador, autor do livro “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva a felicidade, lava pratos, faz muay thai, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida escreve no blog Sobre a vida. No twitter é@fredmattos.

Fonte: http://papodehomem.com.br/como-sabotar-a-autossabotagem/

O assunto não é você

Poucos conselhos são mais perversos e canalhas do que o popular “trate as outras pessoas como gostaria de ser tratada”.

Não é verdade. Sabe por quê? Porque a outra pessoa é uma outra pessoa. Porque ela teve outra vida, outras experiências. Porque ela tem outros traumas, outras necessidades. Basicamente, porque ela não é você; porque você não é, nem nunca vai ser, nem deve ser, a medida das coisas.

Se você se usa como parâmetro para qualquer coisa, talvez devesse pensar duas vezes. A outra pessoa deve ser tratada não como VOCÊ gostaria de ser tratada, mas como ELA merece e precisa ser tratada.

E você pergunta:

“Mas, Alex, como vou saber como essa tal outra pessoa merece e precisa ser tratada?”

Bem, para isso, o primeiro passo é sair de si mesma e deixar de se usar de parâmetro normativo do comportamento humano. Essa é a parte fácil.

Depois, abra bem os olhos e os ouvidos. Reconheça que existem outras pessoas e que elas são bem diferentes de você.

Então, conheça-as.

racismo.

racismo, por eneko.

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A primeira coisa que aprendemos em vendas é a colocar sempre o foco nos clientes. A chave para vender algo é resolver um problema ou necessidade dos clientes – nem que para isso você precise criar a necessidade! Idealmente, suas frases devem girar sempre em torno dos clientes:

“O que posso fazer para colocá-LOS em um carro novo hoje mesmo?”, etc.

As equipes de vendas não fazem isso à toa. Funciona mesmo.

Entretanto, nas últimas décadas, a técnica se espalhou. Basta ver a capa de qualquer revista:

“20 maneiras de agradar SEU homem”, “A recessão: como ela afeta o SEU emprego”, “ENTENDA a crise em Ruanda”, etc.

Esse último é especialmente traiçoeiro, por ser mais discreto. Entretanto, o efeito desse “entenda” é enorme, pois ele muda totalmente o eixo da discussão. Agora, o foco não é mais a crise em Ruanda, mas VOCÊ: o importante não é mais o sofrimento daquelas pessoas exóticas de uma cor diferente da sua, mas que VOCÊ entenda (superficialmente, claro) mais uma coisa para poder demonstrar ao pessoal do trabalho como está up-to-date com assuntos internacionais. Você, você, você. Não podemos nem mais falar sobre a crise em Ruanda sem arrastar, logo quem, VOCÊ para o meio da conversa.

A falácia, naturalmente, é que você não tem nada a ver com a crise em Ruanda.

feminicídio, por carlos latuff.

feminicídio, por carlos latuff.

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Falando em termos da classe média ocidental, vivemos em um mundo onde os pais e as mães param tudo para virar escravas das filhas: até Mozart na barriga da mãe escutam. Depois, crescem sendo as deusas e os reizinhos da casa, mandando em empregadas, vendo o mundo girar a sua volta. Na TV, mil anúncios voltados pra elas. Nos mercados, mil produtos feitos especialmente para fazer as crianças pentelharem os pais e as mães para comprá-los. Nas escolas, as alunas agora também avaliam as professoras e exigem um bom serviço em troca das suas mensalidades. Se alfabetizam lendo as mesmas notícias acima, sobre como isso ou aquilo os afeta, sempre dando a entender que a crise em Ruanda só existe para que a entendam.

Aí, crescem e se tornam pessoas adultas que, ao invés de refletir sobre os privilégios que têm, lutam pelos que não têm; que acham que uma petição online é mais que nada; que pensam que vão salvar o mundo pelo consumo responsável, comendo atum dolphin-free e palmito não-proveniente da Mata Atlântica.

Ou seja, se tornam pessoas adultas que acham, sinceramente, do fundo do coração, que tudo gira em torno delas. Que o assunto é sempre elas.

por que você ainda é hétero?

por que você ainda é hétero?

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Fala-se de racismo, e lá vem:

“mas tenho amigas negras”, “já namorei uma negra”, “chamo meu amigo de Sombra /Grafite/Tição/etc e ele nunca se importou”.

Só que sua opinião, seus amigos, suas namoradas, tudo isso é irrelevante, entende? O racismo é maior que você, já existia antes, vai continuar existindo depois. Essa discussão tem que se dar no nível da história e da sociologia, dos indicadores econômicos e das injustiças contemporâneas. Quando muito, talvez, da experiência pessoal das pessoas negras que sofrem a discriminação, mas mesmo isso é altamente subjetivo, pois o preconceito também é introjetado pela própria comunidade. Mas, com certeza, não da SUA experiência pessoal.

O assunto não é você.

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Fala-se de aquecimento global, e lá vem:

“mas esse ano teve uma tempestade de neve na minha cidade”, “2012 foi o inverno mais frio da memória”, etc.

Só que as nevascas na sua cidade são incidentais e anedóticas, entende? Eu mesmo não tenho opinião sobre aquecimento global, mas ele vai ser provado ou desprovado através de gráficos climáticos globais sobre oscilações de temperatura ao longos dos séculos – e não pela quantidade de neve bloqueando seu carro no inverno passado.

O assunto não é você.

Cruzes sobre a bandeira da diversidade, representando as vítimas de violência transfóbica e homofóbica.

Cruzes sobre a bandeira da diversidade, representando as vítimas de violência transfóbica e homofóbica.

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Fala-se de feminismo, e lá vem:

“essas feministas são muito histéricas, eu jamais me incomodaria da minha chefa passar a mão na minha bunda”, “minha mãe foi dona-de-casa a vida inteira e muito feliz”.

Mas você não é mulher, entende? As mulheres ganham menos, sofrem mais violência doméstica, são estupradas, morrem em abortos clandestinos – todos fenômenos com métricas facilmente encontráveis. A discussão tem que dar através desses números. As coisas que você-homem faria ou sentiria se estivesse no lugar delas são irrelevantes, pois você não está e nem nunca estará no lugar delas.

O assunto não é você.

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Fala-se de homofobia, e lá vem:

“não tenho nada contra mas acho que essas paradas gays me incomodam e só estigmatizam o movimento”, “minha religião diz que é pecado”, “se duas pessoas gays se beijarem em público, como vou explicar isso pra minha filha?”

Mas sua religião, sua opinião, seu incômodo, sua filha, isso tudo é irrelevante, entende? Outras pessoas-cidadãs tem outras religiões, outras opiniões, outras filhas – e têm os mesmos direitos que você. Se as manifestações gays te incomodam, resolva o problema na terapia ou no templo. Você não saber como explicar à sua filha um fenômeno humano ancestral como a homossexualidade não é justificativa para proibir alguém de viver seu amor.

O assunto não é você.

homofobia, por carlos latuff

homofobia, por carlos latuff

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Os exemplos poderiam continuar ad eternum. Aborto, transfobia, descriminalização das drogas, pobreza. Deixe sua contribuição nos comentários.

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Uma amiga leu o rascunho desse texto e perguntou:

“É lindo isso, mas como você consegue ser assim?”

E eu tive que rir: mas quando foi que eu disse ou sugeri, em algum momento, por um segundo que fosse, que eu conseguia ser assim?!

Não estou me colocando acima desse comportamento. Bom narcisista que sou, escrevi o texto não pensando nas outras pessoas, mas em mim mesmo e na minha própria vontade (tão vaidosa e tão narcisa) de ser a melhor pessoa possível. Pois eu também faço tudo isso. Escuto alguma coisa e já trago logo para mim, quero saber como afeta a minha vida, tenho sempre uma anedota pessoal para contribuir.

Não estou falando de cima, como o guru que conseguiu praticar um comportamento ilibado, pontificando às infelizes lá embaixo que ainda não chegaram ao seu nível de iluminação: pelo contrário, estou falando a partir dos subterrâneos, do meio da multidão; estou falando justamente da briga diária que travo comigo mesmo, todo dia, o tempo todo.

Mas agora estou mais alerta. Tento não reincidir. Já consigo morder a língua antes de falar besteira. Convido vocês a tentarem fazer o mesmo. E, na próxima vez em que virem alguém se colocando em um assunto onde não deveria estar, deem o link desse texto.

Repitam comigo. O assunto não é você.

Ou melhor, o assunto não sou eu. O assunto não sou eu.

paradoxos machistas, por didi helene: http://crocomila.blogspot.com/

paradoxos machistas, por didi helene: http://crocomila.blogspot.com/

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Para chamar atenção para o sexismo da nossa língua, o texto acima usa o feminino como gênero neutro. Mais detalhes sobre essa técnica aqui. Leia também minha declaração de princípios e minha carta aberta às pessoas privilegiadas.

Alex Castro

alex castro é. por enquanto. em breve, nem isso. // todos os meus textos são rigorosamente ficcionais. // se gostou, mande um email, me siga nofacebook, compre meus livros, faça uma doação ou venha às minhaspalestras. e eu te agradeço.

Fonte: http://papodehomem.com.br/o-assunto-nao-e-voce/

Dois exemplos de equívocos que não podemos deixar passar

Hoje (estou escrevendo este texto em 10 de outubro), eu tinha que ir de Perdizes à Vila Olímpia para um compromisso. Peguei o ônibus, logo cedo, até a estação Vila Madalena. Seguiria o resto de metrô.

Quando fiz a troca de linha para a amarela (aqui em São Paulo), a estação Paulista estava completamente tomada, cheia de gente saindo pelo ladrão. Quando o trem chegou, entrei no vagão meio que na inércia, empurrado por quem vinha de trás.

A plataforma da linha amarela, quando cheia, é mais ou menos assim

A plataforma da linha amarela, quando cheia, é mais ou menos assim

Acabou que, no acaso, não fiquei na posição costumeira de alguém que entra no vagão: virado para a janela ou parede, com os olhos perdidos em propagandas ou na escuridão da ventana. Entrei e fiquei de frente para o povo, cara a cara com outros dois homens: um negro de meia idade, com bochechas bem saliente e barba feita e um japonês — creio que universitário — com um corte que deixava seu cabelo todo espetado em um topetão maluco. Ele também tinha algumas espinhas na cara e usava uma camiseta com gola em v bem profunda.

Eu sei disso porque estava olhando para eles. Nenhum dos dois olhou para mim.

Na verdade, ninguém no metrô se olha. Há uma falha no inconsciente coletivo que causa essa rotina bizarra de gente olhando para o nada, lendo propagandas de péssimas universidades ou de cursos horrendos. Eu sabia — na verdade descobri — que estava sendo um incômodo para aqueles dois. Atrás deles, uma negra linda também estava no vagão. Cabelo afro todo para o alto, um par de brincos espalhafatosos e um par de óculos escuros grandes. Ela não prestou atenção no fato de eu encará-la de quando em quando também.

As pessoas pensam um monte coisas.

  • Será que esse cara é gay?
  • Será que, se eu olhar de volta, eu sou gay?
  • Ele quer me assaltar?
  • Se eu olhar, ele vai pensar que eu tô dando mole.
  • Ele pode me estuprar.
  • Folgado esse cara.

Todos esses pensamentos afastam pessoas que estão forçadas a passar minutos literalmente coladas. Um equívoco triste de se pensar. Você finge que alguém não existe (ao olhar para qualquer outro lugar), você se distrai, se incomoda com o contato humano, aquilo que é a coisa que mais procuramos nessa vida que temos. Fazemos tudo errado.

Outra loucura que temos, e com a mesma desculpa de pressa, stress, vida moderna, violência urbana etc. é com a nossa própria vizinhança.

Ainda bem que, onde moro (há quase dois anos), já consegui criar uma afinidade interessante com os meus vizinhos de prédio, com o tio da floricultura do lado da minha casa, com o pessoal do açougue, com algumas pessoas que sempre encontro quando vou passear com o meu cachorro. É uma sensação muito aprazível andar cumprimentando as pessoas, ouvindo os “causos” rápidos delas, criando uma proximidade que, mesmo efêmera, faz um bem danado. Andar pelas ruas que você conhece com as pessoas que você conhece. Enfim, aquela sensação de pertencimento que é sempre boa.

Esse vídeo aqui, de três minutinhos (veja do começo ao fim. É divertidíssimo), mostra o que conseguimos produzir com um pouco dessa loucura cotidiana:

Vimeo: http://vimeo.com/68473756

Agora pense. Estamos deixando imperar cada vez mais a “eulândia”, esse estado de egoísmo agudo, de afastamento constante do outro. Ao mesmo tempo, de tanto nos afastar e ficarmos cada vez mais isolados, não sabemos — nem um pouquinho — lidar com a gente mesmo, não suportamos a ideia de estarmos sozinhos com a gente mesmo e, aí, entramos na tal da cultura da distração.

“As pessoas dirigem e digitam no celulares e arriscam a vida das outras e suas próprias porque não querem ficar um segundo sequer sozinhas. […]

Temos que ter a capacidade de sermos simplesmente nós mesmos, sem ter que fazer mais nada. De apenas sentar aqui, assim. Isso é ser uma pessoa. Certo? […]”

Louis C.K. (as citações saíram do vídeo que estão nesse artigo: Louis C.K. sobre celulares e nossa cultura da distração | Pare tudo #7)

Ora, tudo dá errado quando tudo está errado. As pessoas se afastam de outras pessoas e não suportam a ideia de ficarem sozinhas.

Estamos equivocados e nem percebemos.

Jader Pires

É escritor e editor do Papo de Homem. Prometeu que, se um dia ganhar na loteria, vai doar cem reais para caridade. E não há cristo que o faça pensar o contrário.

Fonte: http://papodehomem.com.br/dois-exemplos-de-equivocos-que-nao-podemos-deixar-passar/

USP, Unesp e Unicamp colocam produção científica na internet

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A produção científica das universidades de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp) e Estadual Paulista (Unesp) poderá ser encontrada e acessada livremente em breve em um único portal na internet.

Trata-se do Repositório da Produção Científica do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas, lançado durante a sessão de abertura da 4ª Conferência Luso-Brasileira de Acesso Aberto (Confoa), dia 6 de outubro.

Criado por iniciativa e com apoio da FAPESP, alguns dos objetivos do portal são reunir, preservar e proporcionar acesso aberto, público e integrado à produção científica dos pesquisadores das três universidades estaduais paulistas, que são as que mais publicam artigos científicos no país, de acordo com a última edição do SIR World Report, divulgada em julho pela Scimago Lab.

O portal reunirá teses, dissertações, artigos, livros, resumos e trabalhos completos apresentados em reuniões e congressos científicos, entre outras publicações disponibilizadas pelas três instituições nos repositórios de dados na internet que começaram a desenvolver nos últimos anos.

“A USP começou a criar em 2009 um sistema de gestão de sua produção científica em meio eletrônico – que envolve acesso ao conteúdo, preservação digital e, principalmente, o controle dos direitos autorais – e, no final de 2012, lançou sua Biblioteca Digital da Produção Intelectual”, disse Sueli Mara Soares Pinto Ferreira, diretora do Sistema Integrado de Bibliotecas (Sibi) da USP, à Agência FAPESP.

“Uma vez que fomos a primeira das três universidades estaduais paulistas a iniciar esse processo, a FAPESP começou em 2012 a conversar conosco sobre a possibilidade de desenvolvermos uma estratégia para possibilitar que, além da USP, a Unesp e a Unicamp também tivessem seus repositórios e para criarmos um portal do Cruesp [ Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas] que reunisse os repositórios das três instituições”, contou Ferreira.

A metodologia utilizada na construção da Biblioteca Digital da Produção Intelectual da USP foi seguida pela Unesp para desenvolver seu Repositório Institucional , lançado em fevereiro.

Por sua vez, a Unicamp também começou a desenvolver a sua Biblioteca Digital da Produção Científica e Intelectual, que atualmente está incubada no Sibi da USP e deve migrar, em breve, para o servidor da universidade campineira.

Agora, com os repositórios das três universidades paulistas prontos para operar, a ideia é integrá-los pouco a pouco no portal do Cruesp que conta com uma ferramenta de busca já utilizada pela USP para integrar as bibliotecas digitais de suas unidades.

“A ferramenta de busca do sistema se conecta todos os dias com os repositórios das três universidades, extrai os dados armazenados, desduplica [elimina os duplicados] e os insere na base do portal do Cruesp para que possam ser acessados pelos usuários”, afirmou Anderson de Santana, gestor de acervos do Sibi da USP e um dos pesquisadores participantes do projeto.

Por enquanto, o portal do Cruesp reúne cerca de 56 mil artigos científicos, publicados entre 2008 e 2012 em revistas indexadas na Web of Science. De acordo com os coordenadores do projeto, a meta é publicar artigos científicos também incluídos em outros indexadores científicos, como o Scopus, além de outros tipos de publicações, como livros, resumos e trabalhos completos apresentados em reuniões e congressos científicos.

Individualmente, as bibliotecas digitais das três universidades já vêm trabalhando com outros conteúdos, que não apenas artigos científicos.

A biblioteca digital da USP, por exemplo, já dispõe de vídeos e dá acesso ao portal de teses da universidade – o maior do país, que será integrado ao portal do Cruesp. O repositório da Unesp também possui, além de artigos, recursos educacionais, livros e teses, entre outros materiais.

“Esses cerca de 56 mil artigos já incluídos no portal do Cruesp representam apenas o embrião do projeto e uma infraestrutura básica para iniciar os trabalhos”, disse Ferreira. “A ideia é que as bibliotecas digitais das três universidades comecem a inserir, a partir de agora, cada vez mais materiais no portal.”

Desse total de artigos, 29 mil foram publicados por pesquisadores da USP, 25 mil pela Unesp e outros 2 mil pela Unicamp – que ainda possui poucos artigos no portal porque iniciou mais recentemente a gestão de sua produção científica na internet.

Muitos desses trabalhos foram escritos em coautoria – reunindo pesquisadores de mais de uma das três instituições – e são registrados e armazenados no portal do Cruesp como documentos únicos.

“Os artigos que estão armazenados nos repositórios das três universidades só aparecem uma vez no portal, porque não faria sentido registrá-los três vezes”, explicou Ferreira.

“Se fôssemos somar o conteúdo dos três repositórios, daria mais de 60 mil documentos. Mas, 56 mil documentos únicos já é um número muito expressivo e tende a crescer muito”, avaliou.

Do total de 56 mil artigos já armazenados no portal do Cruesp, 70% estão disponíveis em acesso aberto e os outros 30% ainda são de acesso restrito às universidades – que são assinantes das respectivas revistas nas quais os trabalhos foram publicados – ou estão embargados pelas editoras para publicação em acesso aberto.

De acordo com os coordenadores do projeto, uma das vantagens da integração dos repositórios das três universidades estaduais paulistas no portal do Cruesp é facilitar o acesso e a busca de informação pelo usuário, que não precisará pesquisar nas bases de dados individuais das três universidades para encontrar um determinado artigo científico.

Além disso, o portal possibilitará gerar outras informações que não poderiam ser encontradas facilmente nos repositórios individuais das universidades, como os trabalhos feitos em colaboração.

O principal benefício do portal, no entanto, será instituir uma política de publicação de trabalhos científicos em acesso aberto no Estado de São Paulo, ressaltaram os participantes de uma mesa-redonda sobre políticas públicas de acesso aberto realizada no dia 7 de outubro, que integrou a programação da 4ª Confoa.

“O lançamento do Repositório da Produção Científica do Cruesp é essencial para o funcionamento de uma política de publicação de resultados de pesquisas científicas financiadas com recursos públicos em acesso aberto, como a que a FAPESP está instituindo, porque garante o autoarquivo de artigos publicados por pesquisadores da USP, Unicamp e Unesp nos repositórios dessas instituições, vencido o período de embargo estabelecido pelas revistas científicas nas quais os trabalhos foram publicados”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP durante o evento.

De acordo com Brito Cruz, inicialmente a FAPESP exigirá dos pesquisadores que tiveram seus trabalhos financiados pela Fundação que, após publicarem os resultados de pesquisas apoiadas nas revistas científicas que escolheram, disponibilizem o artigo em um repositório (pessoal ou institucional) de acesso aberto o mais rápido possível após o término do período de embargo (que varia de uma publicação científica para outra).

“Estamos implantando a primeira fase da política de publicação de resultados de trabalhos científicos apoiados pela FAPESP, que é relativamente suave, porque diz ao pesquisador que ele pode publicar seus trabalhos onde quiser, mas em um prazo mais breve possível deve disponibilizá-los em um repositório de acesso aberto”, avaliou.

Brito Cruz ressalvou que esse trabalho de disponibilização dos artigos científicos em repositórios de acesso aberto deve ser feito pelas próprias universidades às quais os pesquisadores estão vinculados, de modo que eles não tenham que interromper suas atividades de pesquisa por esse motivo.

“Isso tem que ser feito pelas instituições porque, se criarmos mais esse ônus para o tempo do pesquisador, ele terá menos tempo para se dedicar à pesquisa”, ponderou.

Segundo Brito Cruz, além do acesso aberto a artigos científicos de pesquisas financiadas pela FAPESP, a Fundação analisa formas de implementar o acesso aberto aos dados que geraram os resultados obtidos nos estudos para que toda a comunidade científica possa utilizá-los, como já faz o Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA-FAPESP).

Estabelecido pela FAPESP em 1999 para conhecer, mapear e analisar a biodiversidade paulista, o programa possui uma base de dados aberta – o Sinbiota –, abastecida continuamente de informações levantadas por pesquisadores que tiveram projetos financiados, como dados georreferenciados de coleta, descrição de espécies e mapas de localização, entre outras.

Experiências estrangeiras

A mesa-redonda também contou com a participação de Heather Joseph, diretora executiva da Scholarly Publishing and Academic Resources Coalition (Sparc), dos Estados Unidos, e João Nuno Ferreira, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), de Portugal, que relataram as experiências dos respectivos países na implementação de políticas públicas de acesso aberto.

De acordo com Joseph, o National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos, foi a primeira instituição do país norte-americano a adotar uma política de acesso aberto à informação em 2009 em nível nacional.

Em fevereiro, o governo norte-americano emitiu uma diretiva estabelecendo que outras 20 agências federais do país também desenvolvessem políticas de publicação de informação em acesso aberto, de forma que o público em geral também tivesse acesso aos resultados de pesquisas financiadas com recursos públicos.

A diretiva foi resultado de uma petição pública, que coletou no prazo de 13 dias 65 mil assinaturas de defensores do acesso aberto aos resultados de pesquisas financiadas com recursos públicos, além da própria iniciativa do governo federal que, com a diminuição dos investimentos em pesquisa por causa da crise econômica, pretende mostrar aos contribuintes que os recursos do Tesouro norte-americano são gastos de maneira responsável, contou Joseph.

“Ficamos contentes com essa diretiva emitida pela Casa Branca, mas ela ainda não é uma regulamentação; trata-se de uma sugestão para as agências federais dos Estados Unidos e esses órgãos não sofrerão consequências se não adotarem políticas de acesso aberto às informações”, disse Joseph. “Queremos que o acesso aberto se torne uma lei nos Estados Unidos.”

Já em nível estadual, nos últimos meses os Estados de Illinois, Califórnia e, mais recentemente, Nova York, demonstraram interesse em implementar políticas de acesso aberto a informações geradas por suas respectivas universidades e instituições de pesquisa.

“Estamos um pouco atrasados em relação às universidades brasileiras, mas vemos um grande aumento no número de universidades norte-americanas interessadas em implementar políticas de acesso aberto à informação”, contou Joseph.

“É a primeira vez que os Estados Unidos discutem proposta de implementação de políticas de acesso aberto, ao mesmo tempo, em níveis federal e estadual e no Poder Executivo”, afirmou.

Por sua vez, a FCT de Portugal – com a qual a FAPESP assinou no início de outubro um memorando de entendimento –, anunciou a implementação de sua política de acesso aberto em outubro de 2012, durante a 3ª edição da Confoa, realizada em Lisboa.

A política da instituição estabelece que os resultados de pesquisas realizadas com financiamento total ou parcial da FCT devem ser depositadas no Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Recap) tão logo expire o período de embargo.

“O Recap tem um papel fundamental na política de acesso aberto à informação da FCT, e a comunicação de que os resultados das pesquisas financiadas pela instituição devem ser publicados posteriormente no repositório é feita ao pesquisador no momento em que submete seus projetos à FCT”, contou Ferreira.

Realizada na Biblioteca Brasiliana da USP, a 4ª Confoa terminou na terça-feira (08/10). A coordenadora da Biblioteca Virtual (BV) da FAPESP, Rosaly Favero Krzyzanowski, foi uma das autoras do relatório final da conferência.

Fonte: http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/2013/10/usp-unesp-e-unicamp-colocam-producao-cientifica-na-internet.shtml

O subconsciente é a nova fronteira do design

Uma nova fronteira está se abrindo para pensar nossa relação com as máquinas. Até hoje, o design de interfaces é pensado apenas para um aspecto da mente humana: nossa consciência “racional”. A ideia é sempre tornar as interfaces mais eficientes, permitindo fazer mais trabalho em menos tempo. Um exemplo é o iOS 7, recém-lançado pela Apple, que recebeu elogios por ser mais “produtivo”.

No entanto, começam a surgir discussões sobre se o design do futuro não deve levar em consideração também aspectos do “subconsciente”. De nada adianta uma interface ser mais produtiva se ela sobrecarrega o usuário. Em outras palavras, um novo sistema operacional pode ser ótimo do ponto de vista racional, mas produzir efeitos negativos para a criatividade e mesmo para o bem-estar psíquico dos seus usuários.

Um interessante texto sobre esse assunto pode ser lido aqui. Nele, Joi Ito, diretor do Media Lab do MIT, diz: “O bom design comunica-se com nosso sistema emocional, que é mais amplo e mais rápido. Você dirige um carro ou joga basquete melhor se a mente racional sair do caminho, nos deixando ser mais intuitivos.”

Essa é uma sensação que quem joga videogames conhece bem. Quem joga “Call of Duty” sabe que em algumas fases é fundamental mergulhar em um estado de fluidez, tomando decisões ao nível do inconsciente, muito mais rápidas, e que esse é o único jeito de vencer.

O desafio é reproduzir esse estado de “fluidez” não só nos games, mas também em qualquer outra interface. Não vai ser surpresa quando as principais empresas da internet partirem para valer em busca da conquista do subconsciente.

Ronaldo Lemos é diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro e do Creative Commons no Brasil. É professor de Propriedade Intelectual da Faculdade de Direito da UERJ e pesquisador do MIT Media Lab. Foi professor visitante da Universidade de Princeton. Mestre em direito por Harvard e doutor em direito pela USP, é autor de livros como “Tecnobrega: o Pará Reiventando o Negócio da Música” (Aeroplano) e “Futuros Possíveis” (Ed. Sulina). Escreve às segundas na versão impressa do “Tec”.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2013/10/1351967-o-subconsciente-e-a-nova-fronteira-do-design.shtml

100 erros de português frequentes no mundo corporativo

De A a Z, confira os erros de português mais frequentes no universo corporativo, segundo especialistas consultados por EXAME.com

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São Paulo – Especialistas advertem: tropeçar no português pode prejudicar a sua carreira. Mas é certo também que há erros que saltam aos olhos e há aqueles que quase passam despercebidos.

A lista de equívocos frequentes no mundo corporativo é grande e é bem provável que você já tenha cometido alguns deles. Para chegar aos 100 erros, EXAME.com consultou professores de português e também o livrode Laurinda Grion “Erros que um executivo comete ao redigir (mas não deveria cometer)”, da editora Saraiva. De A a Z, confira os tropeços mais comuns e as dicaspara nunca mais errar:

1 A/há

Erro: Atuo no setor de controladoria a 15 anos.
Forma correta: Atuo no setor de controladoria há 15 anos.

Explicação: Para indicar tempo passado usa-se o verbo haver.

2 A champanhe/ o champanhe

Erro: Pegue a champanhe e vamos comemorar.
Forma correta: Pegue o champanhe e vamos comemorar.

Explicação: De acordo com o Dicionário Aurélio, a palavra “champanhe” provém do francês “champagne” e é um substantivo masculino, como defende a maioria dos gramáticos, explica Diogo Arrais, professor do Damásio Educacional

3 A cores/ em cores

Erro: O material da apresentação será a cores
Forma correta: O material da apresentação será em cores

Explicação: Se o correto é material em preto em branco, o certo é dizer material em cores, explica Laurinda Grion no livro “Erros que um executivo comete ao redigir (mas não deveria cometer).

4 A domicílio/ em domicílio

Erro: O serviço engloba a entrega a domicílio
Forma correta: O serviço engloba a entrega em domicílio

Explicação: No caso de entrega usa-se a forma em domicílio. A forma a domicílio é usada para verbos de movimento. Exemplo: Foram levá-lo a domicílio.

5 A longo prazo/ em longo prazo

Erro: A longo prazo, serão necessárias mudanças.
Forma correta: Em longo prazo, serão necessárias mudanças.

Explicação: Usa-se a preposição em nos seguintes casos: em longo prazo, em curto prazo e em médio prazo.

6 A nível de/ em nível de

Erro: A nível de reconhecimento de nossos clientes atingimos nosso objetivo.
Forma correta: Em relação ao reconhecimento de nossos clientes atingimos nosso objetivo

Explicação: De acordo com o professor Reinaldo Passadori, o uso de “a nível de” está correto quando a preposição “a” está aliada ao artigo “o” e significa “à mesma altura”. Exemplo: Hoje, o Rio de Janeiro acordou ao nível do mar. A expressão “em nível de” está utilizada corretamente quando equivale a “de âmbito” ou “com status de”. Exemplo: O plebiscito será realizado em nível nacional.

7 À partir de/ a partir de

Erro: À partir de novembro, estarei de férias
Forma correta: A partir de novembro, estarei de férias.

Explicação: Não se usa crase antes de verbos

8 A pouco/ há pouco

Erro: O diretor chegará daqui há pouco.
Forma correta: O diretor chegará daqui a pouco.

Explicação: Nesse caso, há pouco indica ação que já passou, pode ser substituído por faz pouco tempo. A pouco indica ação que ainda vai ocorrer, a ideia é de futuro.

Veja os demais aqui: 100 erros de português no mundo corporativo

Escola troca seguranças por professores de arte para diminuir violência

arte

Violência se combate com? Se você pensou em responder “violência” pare e pense. O diretor de uma escola pública do ensino médio em Boston, nos Estados Unidos ensina: violência se combate com arte.

Depois de ser considerada uma das cinco piores escolas do estado de Massachusetts e chegar ao ponto de proibir os alunos de levar mochilas por medo de esconderem armas, a Orchard Gardens adotou medidas drásticas. Demitiu a maioria dos funcionários da segurança e investiu o dinheiro na contratação de professores de arte.

O responsável pela ousadia foi o diretor Andrew Bott, contratado em 2010, quando a escola entrou para o programa Turnaround Schools, uma iniciativa do Governo Federal para recuperar instituições em dificuldade.

Bott aumentou o período de permanência na escola. Em vez de saírem as 14h30, eles passaram a ficar das 7h30 às 17h30. Além das matérias obrigatórias, os cerca de 800 estudantes passaram a ter aulas de teatro, música, dança e artes plásticas.

O resultado veio rápido. Depois de dois anos a escola saiu do ranking das piores instituições de ensino público do estado e se destacou entre as melhores. O índice de violência diminuiu drasticamente e o sucesso da nova gestão trouxe o reconhecimento para a Orchard Gardens.

De acordo com Bott, o contato com a arte motivou os alunose aguçou seu espírito empreendedor. Foi uma grande conquista para a escola que antes era conhecida como a “matadora de carreiras” dentro da rede estadual de Massachusetts.

Leia a matéria original no Hypeness.

Fonte: http://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/escola-troca-segurancas-por-professores-de-arte-para-diminuir-violencia/

Ler ficção ajuda a adivinhar pensamentos, diz estudo

 

livro

Refugiado sírio lê livro em campo na cidade alemã de Friedland, 27 de agosto de 2013

As obras de ficção são o tipo de literatura que mais aguça a capacidade intelectual para discernir os pensamentos e as emoções dos demais, garante um estudo de cientistas americanos publicado esta quinta-feira.

Diariamente as pessoas devem executar a difícil tarefa de detectar um sorriso falso, avaliar se alguém não se sente confortável ou medir as emoções de familiares e amigos, indicaram os autores dos trabalhos publicados na revista Science.

Este é um processo mental essencial que permite o desenvolvimento da complexa rede de relações nas sociedades humanas, que a ciência cognitiva define como “teoria da mente”, destacaram.

Para esta investigação, Emanuele Castano, professor de psicologia na New School for Social Research de Nova York, e seu aluno de doutorado, David Comer Kidd, pediram a várias pessoas para ler histórias curtas de ficção literária de qualidade, de ficção popular de menor qualidade e de não ficção.

Os leitores foram submetidos a uma série de testes destinados a medir como podiam adivinhar o que uma pessoa sentia, por exemplo, olhando a foto de uma expressão facial ou respondendo a perguntas sobre como uma pessoa com determinada personalidade atuaria sob certas circunstâncias.

Os dados revelaram que os melhores resultados foram obtidos pelos que tinham lido fragmentos de ficção literária.

O estudo revelou que o fator determinante para melhorar a capacidade de sondar a alma dos outros é a qualidade das obras de ficção, que nos experimentos se concentravam em diferentes temas, mas todas produziam o mesmo resultado.

Segundo os autores, isto se deve a que estas leituras envolvem mais intelectualmente o leitor, despertando seus pensamentos criativos, diferente do efeito da ficção popular ou de qualidade inferior.

“Assim como na vida real, os mundos descritos na literatura de ficção de qualidade estão cheios de complexos personagens cujas vidas interiores poucas vezes são facilmente discerníveis, o que requer um esforço intelectual”, escreveram os autores do estudo.

As descobertas podem ser úteis na reabilitação de presos ou ajudar a pessoas autistas a se comunicar melhor com os demais, afirmaram os cientistas.

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/10/ler-obras-de-ficcao-ajuda-adivinhar-pensamentos-e-emocoes-diz-estudo.html

Jane McGonigal: O jogo que pode lhe dar 10 anos a mais de vida

Quando a designer de jogos Jane McGonigal se encontrou em cima de uma cama e com pensamentos suicidas depois de uma séria concussão, ela teve uma ideia fascinante sobre como poderia melhorar seu estado. Ela mergulhou na pesquisa científica e criou um jogo de cura, o SuperMelhor. Nessa palestra tão tocante, McGonigal explica como um jogo pode estimular a resiliência – e promete adicionar 7,5 minutos à vida das pessoas.

Fonte: http://www.ted.com/talks/jane_mcgonigal_the_game_that_can_give_you_10_extra_years_of_life.html?utm_source=t.co&utm_medium=on.ted.com-twitter&awesm=on.ted.com_rRAb&source=twitter&utm_content=addthis-custom&utm_campaign=#.UkhxNRLVBQE.twitter

 

O poder do anonimato e da desinibição online

Otra teoría, y ya son muchas, que explica por qué somos tan bordes en Internet

Por: Karelia Vázquez | 01 de octubre de 2013

Chicago
© Gloria Rodríguez

 

Que podemos ser maleducados, agresivos y mucho más antipáticos delante de una pantalla que en la vida real es algo que a estas alturas todos hemos comprobado en carne propia.

La cuestión en sí ha sido objeto de múltiples estudios en varias universidades del mundo. En sitios como Stanford, Berkeley, Harvard o el MIT no se habla de otra cosa. Más o menos todo se resume en el poder del anonimato y la desinhibición on line.

La nueva teoría llega de las universidades de Columbia y Pittsburg, y asegura que hay varios factores de la interacción on line que nos hacen comportarnos como si hubiéramos bebido más de tres gin tonics en una hora. Según estos investigadores el argumento del anonimato no se cumple en sitios como Facebook donde estamos perfectamente identificados y somos exactamente igual de bordes (cuando queremos). Es cierto que también damos inusitadas e inverosímiles muestras de amor y de exaltación de la amistad. Lo dicho, vamos como borrachos.

La investigación de la Universidad de Columbia se centra en las razones de nuestra arrogancia en Internet cuando no estamos protegidos por el anonimato, y asegura que interactuar en Facebook reduce el control de nuestros impulsos, y este efecto es más pronunciado con la gente que tenemos más confianza.

La mayoría de nosotros construye una imagen mejorada de sí mismo para enseñar en Facebook. Esta imagen superpositiva nos arma de valor y todo el refuerzo que recibimos en forma de Likes dispara nuestra autoestima. Según esta teoría, esa mezcla de bajo autocontrol y autoestima desbordada nos hace perder el contacto con la realidad. De repente somos los (putos) amos.

“Piensen en esto como en una licencia para matar. Es decir, te sientes muy bien contigo mismo, muy seguro y con el derecho de evangelizar a todo el mundo”, explica uno de los coautores del estudio, el profesor de la Escuela de Negocios de Columbia Keith Wilcox. “Quieres proteger tu punto de vista -crees que es el correcto-y por eso te enfrentas con fuerza a todo aquel que no comparte tu opinión. Este comportamiento, poco autocontrol y un ego inflado, es el que habitualmente tendría alguien bajo los efectos del alcohol“.

Lo más interesante de este estudio que se puede consultar completo aquí es que asegura que somos especialmente bordes con nuestro círculo más cercano. De hecho, el estudio se pregunta: “¿Son nuestros amigos más íntimos el enemigo?

Ahí lo dejo

Fonte: http://blogs.elpais.com/antiguru/2013/10/la-en%C3%A9sima-teor%C3%ADa-que-explica-por-qu%C3%A9-somos-tan-bordes-en-internet.html